Mesmo com queda nos alertas de desmatamento na Amazônia em agosto, imagens do Greenpeace Brasil flagram fogo e devastação

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que os alertas de desmatamento do DETER para agosto no bioma Amazônia atingiram a menor taxa para o mês desde 2017, totalizando 319 km² – uma redução de 38% em relação a agosto de 2024. Apesar do avanço, sobrevoos do Greenpeace Brasil em Rondônia e Amazonas flagraram áreas desmatadas e focos de incêndios no bioma, evidenciando que o problema persiste.

Confira aqui as imagens exclusivas do Greenpeace, captadas no norte de Rondônia e sul do Amazonas em agosto, que retratam o desmatamento e focos de incêndio.

Alguns fatores ajudam a explicar o cenário de redução do desmatamento e fogo na Amazônia, como fatores climáticos e medidas importantes implementadas pelo governo federal, como o restabelecimento dos planos de prevenção e controle do desmatamento.

“Entre as medidas do governo federal, podemos destacar a aprovação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que já apresentou resultados no primeiro semestre de 2025, com queda de 65% na área queimada no país em relação ao ano anterior. Além disso, as determinações do Supremo Tribunal Federal para a intensificação da prevenção e combate aos  incêndios criminosos e desmatamento ilegal também têm contribuído para a melhora do cenário”, afirma a porta-voz de Florestas do Greenpeace Brasil, Ana Clis Ferreira.

Entre os fatores climáticos, a região amazônica permanece com níveis pluviométricos acima da média para o período, indicando um atraso no início do período de estiagem em relação ao padrão climático local. Além disso, não há indícios de seca severa como as observadas nos últimos dois anos, nem influência de eventos climáticos excepcionais, como o El Niño.

“Os números mostram que é possível agir e reforçam a importância de manter essa tendência de queda, garantindo que as medidas de prevenção e combate ao desmatamento avancem de forma contínua, com políticas sólidas que continuem gerando efeitos independente da gestão do governo e também em anos de eventos climáticos extremos ou de forte pressão sobre a floresta”, analisa a porta-voz.

Os próximos meses serão importantes para consolidar a tendência de queda nas queimadas na Amazônia em 2025, mas as projeções dos especialistas do Greenpeace Brasil já apontam para provável continuidade da redução. Durante a COP30 o Brasil terá uma oportunidade única para liderar um plano de ação global visando o fim do desmatamento e da degradação florestal até 2030, aproveitando sua experiência e legitimidade na agenda de florestas. Embora esse compromisso tenha sido assumido em 2023, durante a COP28, é necessário implementá-lo. O UNFCCC pode atuar como ponto de apoio e coordenação, impulsionando e direcionando esforços rumo ao desmatamento zero global.

Queimadas

Em relação aos focos de fogo ativos na Amazônia, os números seguem abaixo da média em todos os meses até o momento, segundo o Programa Queimadas. No primeiro semestre de 2025, houve uma queda de 75,4% nas áreas queimadas e uma redução de 61,7% nos focos de calor em relação a 2024. Já no acumulado de janeiro a agosto de 2025, registrou-se o menor número de focos desde o início do monitoramento, com destaque para o último mês, que apresentou o menor número de focos da série histórica para agosto.

Monitoramento do Greenpeace Brasil

Na última semana de agosto, a equipe do Greenpeace Brasil esteve nas regiões de Porto Velho (RO), Canutama (AM), Humaitá (AM) e Lábrea (AM) e realizou sobrevoos e visitas em chão para acompanhar a situação das queimadas em áreas desmatadas. Essa região da Amazônia é uma das primeiras a entrar no período de estiagem, o que facilita que fazendeiros realizem queimadas em pastos e em áreas alvo de desmatamento.

O período de estiagem geralmente tem início na segunda quinzena de julho, sendo que entre o fim de julho e o início de agosto o bioma já apresenta aumento nos focos de calor. A equipe do Greenpeace foi a campo no dia 22 de agosto, quando o bioma registrava 2.866 focos de calor no mês. Ao final da operação, os dados apontaram 6.094 focos, o menor número registrado para o mês em quase 30 anos de monitoramento, mas já indicando sinal de aumento, são dados que podem sinalizar o início do chamado “período do fogo”.